Poema de JORGE MANUEL RAMOS
Sou
como um estranho de mim próprio
Vendo
o mundo sereno a escapulir-se
Por
entre minhas mãos cansadas de rezar
Por
alguém, ou pela minha própria mãe
Como
ela sempre me ensinou a fazer,
Não
sinto saudades,
só compaixão
Tudo
se perdeu na minha mente,
Viajo
num labirinto ingreme e sinuoso
Onde
tudo se mistura num ritual
De
odor nauseabundo e pecaminoso.
Ah!
Como trocaria esta hora
Pelo
regresso da minha infância
E
esperaria sem preocupação
A
hora de celebrar a minha idade
E
dar a toda a gente as Boas Festas
Com
a mais verdadeira sinceridade,
E
como ficaria ali sentado observando
E
esperando ser retribuído sem vaidade
Nesse
tempo real de Janeiro a renascer
E
a progredir em esperanças e cantos.
Ah!
Como queria voltar a esse tempo
Sem
ver agonia e gente a sofrer
Sem
pão, sem dinheiro, sem prantos,
Pedindo
e cantando de porta em porta
Apenas
e só pela tradição e pelo prazer,
De
queimar o ano velho e o Natal
Sem
a tradição alterada e adulterada
Naquela
quente fogueira do terreiro
Onde
o amor e a solidariedade proliferava
E
se celebrava de Janeiro em Janeiro.
Ah!
Como trocaria esta hora
Pelo
regresso da minha infância
E
esperaria sem preocupação
A
hora de celebrar a minha idade
E
dar a toda a gente as Boas Festas
Com
a mais verdadeira sinceridade.
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in «Boas Festas», páginas 218-219
Silkskin Editora, Dezembro 2015
NOTA BIOGRÁFICA DO AUTOR
Jorge Manuel Ramos nasceu em 1966, em Seia, e reside em Oliveira do
Hospital. Na sua poesia mostra primordialmente as preocupações sociais, facto
que a torna interventiva, porém, não relega temas como o amor, a paixão e a
observação da natureza. Tem dois livros editados: «As Palavras e a Vida» e «Devaneando».
Participa em «Palavras de Veludo» (Orquídea Edições) e «A Bíblia
dos Pecadores», uma antologia independente organizada por Isidro Sousa. Publicou este poema («De Janeiro em Janeiro») na antologia «Boas Festas», lançada em Dezembro pela Silkskin Editora.
É mesmo como descreve na quadra final... revejo-me nessas palavras. O Natal tem outro encanto quando somos crianças. Muitos parabéns, gostei muito. E parabéns ao Isidro por partilhar, ou ainda não tinha lido o seu poema. Bom ano para todos.
ResponderEliminarOs parabéns são para o Autor, minha amiga. Bom ano!
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