31 outubro, 2015

A NOITE DAS BRUXAS


 A noite de Halloween festeja-se de 31 de Outubro para 1 de Novembro e foi sempre combatida pela Igreja Católica por ser comemorada na véspera do Dia de Todos os Santos. A sua origem remonta às tradições dos antigos povos celtas que habitaram a Gália e as ilhas da Grã-Bretanha entre os anos 600 a.C. e 800 d.C. e situavam o Ano Novo no dia 1 de Novembro, durante as festividades do Samhain, evento do calendário celta que celebrava o fim do Verão e o início do Ano Novo e, além disso, tinha como objectivo dar culto aos mortos, continuando a ser comemorado paralelamente às práticas cristãs, em particular na Irlanda católica, Escócia, Gales, Cornualha e noutras regiões de cultura céltica das Ilhas Britânicas.

A invasão das Ilhas Britânicas pelos Romanos mesclou a cultura latina com a celta e, em finais do Século II, com a evangelização desses territórios, a religião dos Celtas, chamada druidismo, tinha desaparecido na maioria das comunidades. Pouco se sabe sobre essa religião, mas sabe-se que o Festival do Samhain ocorria entre 30 de Outubro e 2 de Novembro, a meio caminho entre o equinócio de Verão e o solstício de Inverno, e a “festa dos mortos” era uma das suas datas mais importantes, sendo celebrada com rituais presididos pelos sacerdotes druidas que actuavam como médiuns entre as pessoas e os seus antepassados. Dizia-se também que os espíritos dos mortos voltavam nessa data para visitar os seus antigos lares e guiar os seus familiares rumo ao outro mundo.

A relação da comemoração desta data com as bruxas terá iniciado na Idade Média no seguimento das perseguições incitadas por líderes católicos, sendo conduzidos julgamentos pela Inquisição (esta perseguia os praticantes de rituais pagãos como os celtas), com o intuito de condenar quem fosse considerado curandeiro ou pagão. O alvo de tal suspeita era taxado de bruxo, ou bruxa, com elevado sentido negativo e pejorativo, devendo ser julgado pelo Tribunal do Santo Ofício e, na maioria das vezes, queimado na fogueira nos chamados autos-de-fé. Essa designação perpetuou-se e, no Século XIX, esta comemoração de origem pagã foi levada por emigrantes irlandeses (povo de etnia e cultura celta) até aos EUA, onde a tolerância religiosa era maior e a continuidade de festejos pagãos como o Halloween – termo inglês, inicialmente chamado de All Hallow’s Even (noite que antecede o dia de Todos os Santos) e posteriormente reduzido para Halloween – não tinha barreiras culturais ou qualquer constrangimento. E foi aí, nos EUA, que essa noite passou a ser conhecida como a Noite das Bruxas.

Presentemente, a festa do Halloween pouco tem a ver com as suas origens: só restou uma alusão aos mortos, mas com um carácter distinto. Além disso, foi sendo incorporada uma série de elementos estranhos às festas de Finados e de Todos os Santos. Na celebração actual nota-se a presença de muitos desses elementos: abóboras em forma de caras assustadoras (sem polpa e com velas acesas), bruxas a voarem por cima dos alpendres das casas e crianças vestidas de formas bizarras a andarem de casa em casa, à noite, a pedir doces, frutas ou prendas. As fantasias, enfeites e outros itens usados neste evento estão repletos de bruxas, vampiros, gatos pretos, fantasmas, esqueletos, espíritos, feiticeiros, espantalhos, múmias, mortos-vivos e toda a espécie de monstros horríveis, com decorações de trevas e de medo fora e dentro das casas, que às vezes chegam a ter conotações verdadeiramente satânicas.

Hoje, o Halloween é universal. Na noite gay de Lisboa é considerado um segundo Carnaval e começou a ser festejado no Bar 106, um dos cantinhos mais acolhedores e acarinhados do Príncipe Real. De acordo com José Soares, um dos seus três proprietários, «o 106 foi o primeiro bar gay a fazer o Halloween, em 1992. Se alguém o fazia antes, não se falava. Nos anos seguintes surgiram mais bares a festejá-lo porque é divertido, é mais uma noite temática, é um Carnaval adicional ao que já existe. A ideia pegou e agora todas as casas o fazem».

No entanto, ultimamente têm-se visto cada vez menos participantes. Porquê? «O último Halloween correu bem mas, além de nós e os colaboradores da casa, pouca gente se fantasiou», admite. «Às vezes, uns simples riscos na cara, uns dentes ou um rosto pintado de vampiro fazem a diferença, mas as pessoas, embora achem graça e se divirtam, não têm paciência, já não aderem tanto. De ano para ano, parece haver uma desmotivação cada vez maior». Um facto que também se verifica noutras festas temáticas. «Em Portugal, as pessoas não gostam de aderir às festas temáticas», prossegue José Soares. «Se lhes pedirmos para virem de vermelho, não vêm de vermelho. Na Lux, por exemplo, todos os anos fazem a Festa da Saia e só entra quem tiver saia, e toda a gente manda fazer saias ou vai comprá-las aos saldos... aderem! Na noite gay não aderem, não percebo porquê.» E se fizerem o mesmo? Impor um dresscode obrigatório, permitindo a entrada somente a quem tiver, pelo menos, uma peça de vestuário de acordo com o espírito dessa festa? «Aí, talvez comecem a mudar de atitude. Por outro lado, os clientes habituais podem não entender isso e levar a mal...»

O Bar 106 abriu em 1990, em pleno coração do Príncipe Real, numa época em que só havia bares estereotipados. «Quisemos abrir um bar generalizado para que toda a gente se sentisse bem, e não um espaço específico, só de prostitutos ou de pessoas mais velhas ou de bigodes, bears, etc. Conseguimos mudar a ideia e o conceito de bares. A partir daí, começaram a surgir os outros.»

Presentemente, organiza três noites temáticas: Wacko Party às quartas-feiras (com descontos em bebidas e sorteios de bilhetes para peças de teatro), Dice Party às quintas-feiras (com sorteios de jantares em restaurantes) e a Festa da Mensagem aos domingos, sendo esta a mais popular. «É a nossa melhor noite, uma noite muito divertida e em tempo real. Os amigos encontram-se, divertem-se, escrevem mensagens uns aos outros, é um ponto de encontro e uma maneira de as pessoas deixarem a Net e os canais de Chat e virem para o real, olharem-se na cara e comunicarem», afirma José Soares, frisando que, mais uma vez, o 106 foi o primeiro bar a organizar a Festa da Mensagem na noite gay. «Começámos a fazê-la quatro vezes por ano, passando-a depois a semanal.» Quanto ao seu êxito, «pode dever-se ao facto de as pessoas estarem sozinhas e quererem conhecer outras, fazer amigos e não só. Deixou-se de comunicar e na Festa da Mensagem volta-se a comunicar. Claro que há coisas boas e coisas más. As desvantagens são os insultos, mas também há poemas lindos, cartas de amor... muitas pessoas conheceram-se na Festa da Mensagem, apaixonaram-se e continuam juntas há muitos anos! De facto, a vantagem é conhecer pessoas, fazer amizades, encontrar alguém mais íntimo ou um companheiro para a vida.»

Nos próximos tempos, o Bar 106 manterá estas noites, festejará o 22º aniversário em Maio e planeia novos eventos. «Estamos a estudar noites diferentes para trazer as pessoas de volta ao bar todos os dias. Ao longo dos anos, sempre fizemos coisas diferentes e conseguimos marcar muitas diferenças na comunidade gay. Já fizemos festas em conjunto com outros bares, mas os outros não têm grande aderência. Não sei qual é o medo! A união faz a força e se houver mais festas em conjunto será mais divertido e trará mais gente ao Príncipe Real. Grande parte da camada nova que está a aparecer no mundo gay não conhece os bares do Príncipe Real. A noite gay começou há 40 anos no Príncipe Real, e continua a ser no Príncipe Real. Foi aqui que todos os bares começaram, é aqui que estão as discotecas gay e é para o Bric, Trumps e Finalmente que todos vão depois de irem a outros locais. Porque o Príncipe Real é o bairro gay de Lisboa!», remata.


Bar 106 – Rua de São Marçal, nº 106 – Lisboa
Segunda-feira a Quinta-feira – aberto das 21h00 às 02h00
Fins-de-semana e véspera de Feriados – das 21h00 às 03h00
Texto de Isidro Sousa – Jornal PÚBICO nº 4 – Fevereiro 2012


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Publiquei esta reportagem sobre as origens do Halloween (e um pouco sobre a história do Bar 106) na última edição do jornal Púbico, complementada com uma foto-reportagem, igualmente de minha autoria, realizada em diversos bares e discotecas de Lisboa: Bar Três, Finalmente Club, Bric-a-Bar, Woof Lx Club, Bar 106, Luz Nocturna e Woof X Lisbon. Devo referir que, destes bares que mencionei, o Luz Nocturna já não existe (os gerentes do mesmo abriram, recentemente, o bar Hércules, noutra rua do Príncipe Real) e o Bric-a-Bar, que existiu durante mais de quatro décadas (desde 1969), deu lugar à discoteca Construction Club. Os outros bares e discotecas continuam em pleno funcionamento. Quanto ao Bar 106, mantém a Festa da Mensagem aos domingos – desde 2012, quando publiquei esta reportagem, muitas coisas mudaram; o 106 comemorou já o seu 25º aniversário e apresenta, presentemente, uma programação diferente, mais diversificada. No entanto, reina o mesmo espírito de sempre. Vale a pena conhecer! Recomendação de Isidro Sousa.

30 outubro, 2015

A VIAGEM DE VALERO


 O final de Setembro aproximava-se. Em breve, entregaria a chave do quarto que ocupara durante os últimos tempos, e ainda não encontrara um novo poiso. Não dispunha de dinheiro suficiente para alugar um apartamento e partilhá-lo estava fora de questão. Conhecia imensas pessoas, todavia, não achava ninguém de confiança com quem dividir uma casa. Por isso, procurava outro quarto. Os que já visitara não me satisfizeram. Ou não apresentavam condições mínimas de habitabilidade, ou as rendas eram altíssimas, ou os senhorios viviam nas mesmas casas (eu queria um espaço independente) e as limitações que impunham não lembravam ao diabo: não cozinhar, não fumar, não receber amigos, tomar um só banho por dia, entrar até certa hora, e mais um rosário de penas. Enfim, vendo a minha busca infrutífera, optei por instalar-me numa pensão do Bairro Alto, na qual permaneceria até arrecadar o dinheiro necessário para arrendar um estúdio ou mesmo umas águas-furtadas.
Logo nos primeiros dias após a mudança conheci o Carlos, um rapaz deveras atraente de vinte e sete anos de idade, com um ar robusto, olhar pungente e pronúncia algarvia, que passava o fim-de-semana em Lisboa. Cruzámo-nos na recepção e aquela troca de olhares furtivos transmitiu-me a certeza: ele era dos nossos! O modo como me fitou denunciou o seu interesse em mim. Não obstante, sabendo-o com amigos (não sabia ao certo quantos porque já haviam subido aos quartos), talvez com um namorado atrelado, deixei passar a ocasião – era impossível que um belo exemplar de macho daqueles não tivesse companhia. Jogos de sedução sempre me fascinaram; viciaram-me no acto de seduzir e de ser seduzido, consoante as circunstâncias. E quanto mais agrestes, perigosas ou inusitadas, melhor! Naquele exacto momento, essa vontade quase incontrolável tentava-me de uma forma algo insana, porém, consegui dominar-me: não ousei corresponder ao possível engate para não armar confusão.
Reencontrámo-nos horas mais tarde, na discoteca em que eu fazia a foto-reportagem de uma festa de espuma. Era um evento grandioso, bem fresco, que encerrava a temporada do Verão. Fotografava todos os corpos masculinos, esbeltos e esculturais, que me eram possíveis retratar. Dava preferência aos mais exóticos e sensuais, aos de tronco desnudo ou apenas de calção, que se moviam desinibidos, refrescando-se na espuma. Ora os fotografava em grupo, ora lhes pedia que fizessem poses ousadas roçando o erotismo. Eles adoravam! Sozinhos, aos pares, a três, aos magotes...
No instante em que disparei o flash sobre um simpático casalinho afogueado, o Carlos abordou-me. Desejava falar-me. Os seus amigos continuavam a saracotear-se naquele mar de espuma, enquanto íamos ao balcão do piso superior. Ofereceu-me uma bebida. Esclareceu logo que não me conhecia, mas conhecia o meu trabalho. Elogiou-o. Fotografar era a minha verdadeira paixão, um autêntico vício laboral, e a fama de bom fotógrafo corria na noite, em todos os meios, especialmente a de fotografar homens nus. O Carlos mencionou o Tozé e o Paulo, seus amigos, o casal que fotografei, algumas semanas atrás, na Bela Vista, a Praia 19 da Costa da Caparica, e revelou:
– O Tozé mostrou-me as fotos. Estão impressionantes!
– Não ficaram mal – admiti. – Mas poderiam estar melhor.
Logo depois, ele indagou num tom que nada devia à subtileza:
– Que tal passares o próximo fim-de-semana no Algarve?
Fitei-o, sem dissimular um ar de recusa.
– Vivo sozinho – insistiu, acendendo-me o cigarro. – Podes ficar no meu apartamento.
Lembrei a troca de olhares na pensão e analisei esse convite inesperado. Não restavam dúvidas de que estava cheio de intenções libidinosas.
– Não posso ir – respondi, directo. – Mas agradeço-te.
– Que pena, Valero! Nesta altura, a noite algarvia está no melhorio, superagradável. A época balnear vai-se, mas o tempo ainda está bom para se fazer praia. E não há tanta confusão como em Julho e Agosto. Turistas, já nem vê-los. Poderias ter um fim-de-semana espectacular.
– Não estou numa de aventuras, meu caro – volvi-lhe, olhos nos olhos. – Muito menos enfiar-me no meio de casais. Se tu e o teu namorado querem variar com um terceiro gajo, ou quem sabe armarem uma orgia, procurem outro. Eu não estou disponível.
O Carlos desvendou então o seu objectivo: pretendia que lhe fizesse uma sessão de fotografias. Queria-as, dele com o namorado, bastante picantes, eróticas, escaldantes. Eles conheciam bons fotógrafos, amadores e profissionais, porém, todos estranhos ao universo gay. Jamais os contratariam. Eu era o único profissional da fotografia homoerótica de que sabiam. Comigo, sentir-se-iam à vontade.
– As fotos do Paulo e do Tozé estão mesmo soberbas – prosseguiu, na esperança de me convencer. – Sei que farias um trabalho idêntico. Ou melhor, se é que isso é possível...
– Cobro muito caro, meu rapaz! – interrompi-o, tentando desarmá-lo. – E uma sessão no Algarve custaria bem mais. Há deslocações, alojamento, alimentação...
– Sei quanto o Tozé e o Paulo pagaram. Ofereço o mesmo, mais as despesas da viagem. Além disso, ficas na minha casa. Topas?
O cachet era-me tentador e bastante oportuno. O que eu não tinha, era a mínima pachorra de passar o próximo fim-de-semana fora. A aproximação do julgamento da madame Natália Madjer, a bandida que assassinou sem dó nem piedade o meu amado pai, e a incerteza do seu desfecho atordoavam-me o espírito. Por outro lado, não estava bem de massas. Tendo em conta as actuais limitações financeiras, não poderia dar-me ao luxo de rejeitar tão generosa oferta. Até porque a magia de fotografar, como referi algures, era o meu vício predilecto, uma paixão desregrada da qual jamais abdicaria por nada deste mundo. Mesmo que implicasse o sacrifício de viajar numa época menos favorável...
– Deslocar-me ao Algarve? Só pelo dobro. Além das despesas, claro – arrisquei, na expectativa de amealhar mais alguns cobres. – Metade do pagamento antes, a outra parte na entrega do trabalho. É pegar ou largar!
– Combinado, Valero. Dinheiro não vai ser problema.
Ao ver-me ainda relutante, e talvez para me tranquilizar, revelou ser filho de um empresário da indústria hoteleira e que dirigia um dos hotéis da família. «Logo vi!», pensei com os meus neurónios. «Tanta gente a dar o cabresto neste País para ganhar um ordenado mínimo que é uma miséria, e este Chico Esperto oferece-me quase o dobro só para satisfazer um capricho.» Contudo, intrigou-me o facto de ele, tendo possibilidades de ficar num hotel cinco estrelas, se hospedar numa modesta residencial do Bairro Alto. Explicou-se: não queria separar-se dos amigos, com quem viera do Algarve, que não usufruíam dos mesmos recursos que ele.
– Podes ir para baixo na sexta-feira – avançou, visivelmente excitado – e regressas quando quiseres.
– Vou no sábado de manhã – decidi, peremptório. – De tarde, faremos a sessão. À noite, retorno a Lisboa. Não posso ficar muito tempo fora.
– Tão rápido?! – pigarreou, surpreendido. – Podias passar um fim-de-semana memorável connosco...
– Tenho imensos compromissos – esquivei-me, finalizando o assunto. – Vou e volto.
– Como queiras – anuiu. E deixando-me à vontade: – Se decidires ir antes, apita-me, OK?
Após termos acertado o contrato e discutirmos os pormenores da viagem, retomei a minha reportagem. Quanto ao Carlos, desapareceu na espuma, em busca dos amigos.

***

A semana voou. A sexta-feira trouxe-me uma sensação de desconforto. Era um daqueles dias em que nada me apetecia fazer. Sentia-me irritadiço, tudo me enervava. Durante a manhã, tivera uma reunião com o advogado sobre o julgamento da assassina, cada vez mais iminente. A minha ansiedade era crescente, já não me concentrava em nada, apetecia-me sumir de Lisboa. Lembrei-me das palavras do Carlos («Podes ir para baixo na sexta-feira... Se decidires ir antes, apita-me...»); tentaram-me a abalar já para o Algarve mas, quando lhe ia telefonar, vacilei. Fui beber um café ao Chiado. Retornei à pensão ainda indeciso entre viajar de imediato, ou não. Num impulso, resolvi o impasse: preparei a mochila, dirigi-me para a estação de metro e rumei à Gare do Oriente.
Enquanto esperava pelo autocarro, andei à toa pelo Centro Comercial Vasco da Gama, a observar montras. Como não podia deixar de ser, mirava não só as montras mas também as belas figuras masculinas, que por sinal abundavam ali, naquela hora. Uma delas destacou-se: um rapaz de olhos verdes e cabelos negros bem curtinhos, à boa maneira militar, mais ou menos da minha idade. Todavia, nenhum indício de que fosse homossexual. Como a hora da partida se aproximava, não me dediquei à pesquisa, camuflando na alma o desejo viciante de seduzir. De regresso à estação, aproveitei para comunicar a minha decisão ao Carlos. O seu telemóvel estava desligado. Deixei-lhe esta mensagem no voice-mail: «Viva Carlos, fala o Valero. Decidi ir hoje. Chego por volta da meia-noite. Mais tarde, ligo-te.»
Entrei no autocarro já lotado. Procurei o meu lugar. Não foi difícil, porque era o único disponível. Guardei a mochila no compartimento junto ao tecto e sentei-me rápido, pois o autocarro já se movia. Ao virar-me para a janela, o que vi sobressaltou-me: sentado no banco ao lado, encontrava-se ninguém mais ninguém menos do que o rapaz das minhas dúvidas. Não quis expor-me tão frontalmente. Já que a viagem me permitia o tempo, preferi estudá-lo com olhares curtos mas eficazes, de modo a descobrir se seria gay, se valeria a pena investir nele e – o que não era menos importante – se ele estaria disposto a responder à investida.
Os meus olhares ainda acabariam por denunciar-me. Era preciso forçar-me para que fossem breves. Mas o bichinho do engate apoderava-se do meu ser e os olhos lutavam por não se afastarem do que viam. Uma bela tatuagem no braço esquerdo, divinamente bronzeado, era destacada pelo branco da camisa colada ao corpo. Aos braços musculosos faziam companhia as coxas igualmente musculosas, a quererem rebentar as calças de ganga também apertadas. Activando a minha visão de raio X, imaginei quão bom seria o que repousava sob aquelas calças e entre aquelas coxas.
Há muito que já passáramos a Ponte Vasco da Gama e eu ainda não conseguia descortinar se o gajo alinhava com gajos. Mudei de táctica. Abandonei a rajada de olhares furtivos e meti conversa. Creio que foi a excitação do que via que me fez iniciá-la com esta parvoíce:
– Desculpa incomodar... sabes se o autocarro pára em algum lugar?
– Pára uns quinze ou vinte minutos numa estação de serviço do Alentejo – informou ele, com um sorriso mais enigmático do que o da Mona Lisa e que não ajudava em nada.
– Ainda bem! Sempre posso ir comer alguma coisa – suspirei, doido por arranjar outro assunto para desenvolver a conversa, mesmo que fosse uma conversa da treta. Não me ocorrendo nenhum tema interessante, fui fazendo aquele render: – Com a pressa de apanhar o autocarro, não jantei. O estômago já está a dar horas...
Ele olhou para mim e nada falou. Eu já sentia indícios da minha derrota. De repente, alterando a expressão do rosto para outra mais receptiva, ele murmurou:
– Tenho chocolates e biscoitos. – E pegando logo na sua mochila, ofereceu: – Posso arranjar-te alguns.
– Deixa estar – respondi, aliviado. – Dá para aguentar. Obrigado.
– Pelo visto, nunca foste ao Algarve.
– Sim, já fui. Mas sempre de carro – desculpei-me. Agarrei, seguro, as rédeas do diálogo, determinado a levar o meu nobre objectivo a Garcia: – Vives no Algarve?
– No Porto. Vou passar o fim-de-semana com uns amigos.
– Eu... vou para fazer uma reportagem amanhã. Decidi ir mais cedo.
Ele arqueou as sobrancelhas.
– És jornalista?
– Fotógrafo.
A minha profissão pareceu interessá-lo. Pergunta vem resposta vai, a conversa foi fluindo. Chamava-se Sandro, um nome que me agradou tanto quanto o seu dono. Confessei o amor incondicional, quase obsessivo, pela fotografia, um vício saboroso que dominava toda a minha vida. Quando citei a prestigiada Panorama, uma das revistas com as quais colaborava, ele revelou que era finalista de jornalismo e gostaria de estagiar ou, quiçá, vir mesmo a trabalhar na Panorama. Veio então uma avalanche de questões relacionadas com a minha actividade específica e o meio jornalístico.
O clima que eu ambicionava foi despontando enquanto palestrávamos. Ainda se mostrava indefinido, todavia, era já um tanto envolvente, algo revelador. Volta e meia volta, os nossos olhos faiscantes entrefitavam-se e os lábios trocavam sorrisos manhosos. O desejo ampliava as minhas ganas de agarrar todo aquele corpo repleto de sensualidade. Algo me dizia que ele também gostava da fruta. E que o fogo era recíproco.
Quando o autocarro parou na tal área de serviço, o Sandro encaminhou-se apressado para os lavabos. Segui-o. Mal adentrei na casa de banho, aleguei ter calor e fui lavar o rosto. Enquanto o enxugava, espiolhava, através do espelho, o alvo da minha cobiça, real objecto de desejo, que se encontrava num mictório. Após urinar, ele virou-se rapidamente, olhando directo para o espelho, como se pressentisse estar a ser vigiado.
– Ufa! Sentia a bexiga mesmo aflita – balbuciou, sorrindo com uma certa malícia. Deu dois passos na minha direcção, abotoando a braguilha. – Bebo litros de água por dia...
Se ainda me restava algum resquício de dúvida, nesse instante dissipou-se por completo. A vontade tremenda de abraçar aquele corpo estonteante revolvia-me as entranhas. Dirigi-me para um dos compartimentos isolados e ele acercou-se dos lavatórios. Num impulso, entrei, com a tenda armada dentro das calças, e olhei para trás. O ardor consumia-me. Ele mirava-me pelo espelho. Pisquei-lhe o olho. Não se fez de rogado: saltou logo para dentro da cabina. Tranquei a porta. Abraçámo-nos com força. Beijei-lhe a boca carnuda, enquanto enchia a mão, freneticamente, com aquele volume afrodisíaco quase a rebentar-lhe a ganga. O Sandro, por sua vez, deslizava as mãos flamejantes pelas minhas costas febris. Num ápice, invadiu-me o traseiro, mergulhando a mão direita pelas calças adentro. Acariciava-me as nádegas e o rego. Foi até ao anel. Senti um dedo ágil a perscrutar o orifício apertadinho que piscava de ansiedade. Com a outra mão, levou o dedo indicador à minha boca. Chupei-o com gana. Mas o tempo não era muito. Logo logo lhe escancarei a carcela. O Sandro libertava para fora das calças um falo imenso, agora uma pedra de tão rijo, ao mesmo tempo que ouvíamos passos apressados a entrarem e a saírem dos lavabos. Baixei-me num relance e, faminto como um leão, suguei-o até à garganta. Logo após, implorei-lhe ao ouvido, bem baixinho:
– Enfia-me já essa coisa! Fode-me!
Tirou um preservativo do bolso e pô-lo rápido. Arriei as calças até aos joelhos, virei-me de costas e apoiei as mãos na parede, arqueando os glúteos. Um misto de terror e deleite invadia a atmosfera. Afinal, alguém poderia surpreender-nos ali... com a boca na botija. Não vacilámos um segundo. Ele meteu-me lentamente aquele tronco poderoso. Só de lhe sentir a glande na próstata, e sem sequer tocar no meu membro, quase explodi. Assim que o introduziu por completo, exigi que acelerasse os movimentos. Possuiu-me com uma garra felina, selvática. Eu contorcia-me de prazer. A excitação era tão intensa que fez-nos ejacular pouco depois, em simultâneo.
Ofegantes, limpámo-nos com aquele papel higiénico áspero e rasca das retretes públicas, ajeitámos as roupas amarfanhadas e retirámo-nos, sorrateiros, daqueles lavabos infestados de luxúria. Disparámos na direcção do autocarro, já prestes a partir.
Recomeçada a viagem, rocei o braço do Sandro com o meu cotovelo. Ele entrelaçou os dedos nos meus. Lá fora escurecia; as únicas luzes eram as dos automóveis em sentido contrário. O interior do autocarro achava-se em penumbra; somente minúsculas luzinhas de presença, aqui, ali e acolá, proporcionavam uma ténue claridade. Dei uma vista-de-olhos ao redor, procurando certificar-me de que não éramos observados. Os passageiros do banco ao lado dormiam, os de trás entretinham-se com jornais, livros ou revistas e, à frente, cavaqueavam. Levei então os meus lábios aos do Sandro. Ele retraiu-se e apertou-me forte os dedos. Compreendi que sentia medo.
À medida que os pneus do autocarro rasgavam os quilómetros de asfalto que restavam, falávamos animados sobre a noite gay algarvia, que me era praticamente desconhecida. O Sandro citou bares e discotecas em voga, em várias cidades. E, mudando a voz para um tom sério, alertou-me sobre uma situação assaz perigosa: contou que, desde há algum tempo, um maníaco ou coisa do género, conhecido por Tito, vinha percorrendo toda a costa algarvia atrás de homossexuais. Fazia-o tanto nas praias de nudismo como nos bares. Engatava-os, ou deixava-se aparentemente engatar, e partiam para lugares remotos. Sexualmente, tudo fazia e tudo permitia que lhe fizessem. Constava que era viciado em sexo, mas... Finalizadas as aventuras libidinosas, agredia e roubava os homens ou rapazes que acabara de seduzir, sendo extremamente violento. Muitos já haviam padecido um perigo real nas mãos desse Tito.
– Todos o temem – frisou o Sandro.
– E ninguém faz nada para o deter?
– Não há quem ouse enfrentá-lo. Esse cabrão já foi preso inúmeras vezes. A polícia de todo o Algarve conhece-o de ginjeira, mas não faz nada. Mal ele entra em cana, sai logo cá para fora e torna a atacar. Nada o intimida, nem ninguém. Já tentaram cortar-lhe a entrada em bares e ele reagiu mal, e com ainda mais violência. Valero, se porventura ele cruzar o teu caminho, toma mesmo cuidado! Já sabes do risco que corres.
– Como é que é esse tarado?
– Corpo musculoso...
– Como o teu?
– Bem mais.
Sorrimos os dois. Ele avançou:
– É mesmo atlético, bastante atraente e, ao que consta, tremendamente sedutor. Tem cerca de trinta e cinco anos, veste blusões de cabedal, anda carregado de ouro e sempre armado de navalha...
Íamos tão entusiasmados na conversa que nem percebemos quando o autocarro chegou ao destino. Fim de viagem.
O Sandro, agora ainda mais sério, pediu que eu saísse primeiro. Afirmou que os seus amigos o esperavam, e não queria ser visto na companhia de um “belo desconhecido”. Entendi o seu receio, embora o considerasse infundado. Entreguei-lhe um papel onde rabiscara o meu contacto telefónico e convidei-o a passar uns dias em Lisboa. Propus reencontrarmo-nos lá mesmo no Algarve, se surgisse a oportunidade.
– Lisboa, talvez – retorquiu ele, guardando o papel num bolso interno da mochila e erguendo-se do banco. – Cá, no Algarve, vai ser impossível. – E exibindo, subitamente, um sorriso lascivo, todavia, indecifrável: – Ou talvez não... quem sabe?
Já se retiravam os últimos passageiros quando, finalmente, dissemos adeus um ao outro. Despedi-me roçando uma mão discretamente sobre aquele seu volume acumulado sob o tecido de ganga, que esboçou um ligeiro inchaço. A mão firme, porém carinhosa, do Sandro, ao afastar a minha, patenteou que o nosso encontro estava mesmo encerrado.

***

Mal pus os pés fora do autocarro, dei de caras com o Carlos. Ele saudou-me com um abraço efusivo. Estranhei que estivesse à minha espera. Ora, eu deixara-lhe uma mensagem no voice-mail, no entanto, não havia mencionado em que transporte viria, nem o horário exacto da chegada.
– Que tal a viagem, Valero?
– Nem te conto, Carlos!
– Pelo visto, foi boa...
– Muito boa! Podes crer.
Nisto, o Sandro desceu do autocarro.
O Carlos fitou-o, com um olhar que me pareceu especial.
– Como este mundo é pequeno! – exclamou, abraçando o Sandro; essa atitude deixou-me boquiaberto, verdadeiramente surpreso. Ele prosseguiu, virando-se para mim: – Valero, este rapazinho é o Sandro, meu namorado. Vocês vieram no mesmo autocarro!
O meu sangue gelou. «O que é que vai acontecer agora, meu Deus?», pensei com os meus botões, um tanto alarmado. Não obstante, esforcei-me e recuperei a compostura. Encarando o Sandro, pisquei-lhe o olho. Apaziguou-me o seu ar natural e de cumplicidade.


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Enviei este texto para o 6º Concurso Literário da Papel D'Arroz Editora, subordinado ao tema «O Poder do Vício». Todos os textos concorrentes estão online, na página da editora. Neste endereço: http://editorapapel.blogspot.pt/

29 outubro, 2015

SEM CONTOS DE NATAL


Acabei de ver este desafio: «Sem Contos de Natal», da Edições Vieira da Silva. Embora no momento presente eu também me encontre a organizar projectos (e tenho um natalício em curso) e esteja sobrecarregado de tarefas, é minha intenção continuar a participar, enquanto Autor, noutros projectos que considere importantes. Creio que o António Silva e o José Guerra compreenderam o que penso, aquando do nosso encontro, no último lançamento (da colectânea «Contos ao Vento»). Vejo dois nomes que admiro associados: João Bernardino e Paulo Gomes (não conheço o terceiro nome). Tenho algo alinhavado, que pretendia enviar para um projecto no Brasil. Mudo de ideia. Vendo esta informação (da Vieira da Silva) enviarei para este projecto. A minha trama natalícia contém um acentuado erotismo, porém, um erotismo bastante sublime... tal como sucedeu em «A Maçã de Eva», incluído numa obra para todas as idades, crianças incluídas. Necessito de trabalhar melhor o texto, especialmente esse erotismo incluído, de modo a que não fira quaisquer susceptibilidades, seja de miúdos seja de graúdos. Como lhes referi (ao António e ao José Guerra), prefiro a Prosa à Poesia; daí a minha preferência (mas isto não significa que exclua a minha participação na obra poética que se encontra em curso, com um toque das mitologias), E enviarei o texto, com muito gosto, para este projecto. Apenas um senão: para mim, no momento presente, o prazo 13 de Novembro é muito apertado. Não obstante, esforçar-me-ei por dar o meu contributo. Verifiquei que os trabalhos pretendidos não são longos; cerca de uma/duas páginas não será difícil de trabalhar; haja disponibilidade! E será uma honra se porventura o meu texto vier a ser seleccionado. Votos de um bom trabalho!

27 outubro, 2015

A BÍBLIA DOS PECADORES - JÓNATAS E DAVID


«Angustiado estou por ti, ó Jónatas, meu irmão. Eras-me caríssimo.
E o teu amor era para mim dulcíssimo, mais do que o amor das mulheres.»
Elegia do Rei David para Jónatas


Participo (também) como Autor em «A Bíblia dos Pecadores», a segunda Antologia que organizo e coordeno cuja publicação, prevista para o mês de Dezembro, contará com a chancela da Pastelaria Studios Editora. Inspirei-me nesta passagem da Bíblia (a angústia que a morte de Jónatas provocou a David) para criar a minha própria narrativa. Uma história de vida actual ambientada no final do século XX que fala de amor e morte... «A Morte de Reinaldo». A dor da perda. A saudade. A angústia. O desespero. A nostalgia. O sofrimento. Porque nem tudo na vida são rosas. Os espinhos também existem...

26 outubro, 2015

A BÍBLIA DOS PECADORES - 46 AUTORES


A BÍBLIA DOS PECADORES
Antologia de textos literários inspirada nas histórias da Bíblia
Organização: Isidro Sousa | Pastelaria Studios Editora

Tive o grato prazer de seleccionar 45 textos, de 45 Autores Lusófonos, para integrarem a antologia «A Bíblia dos Pecadores», que será publicada com a chancela da Pastelaria Studios Editora. Além de assumir as funções de Organizador e Coordenador, quis também (como não poderia deixar de ser) incluir um texto de minha autoria – o que totaliza 46 textos, de 46 Autores. Todos os Autores estão de parabéns! Agradeço as vossas participações e o voto de confiança que me deram – e deixo um especial abraço aos Autores de Além-Mar, cujas presenças nesta obra muito me honram.

Eis a lista (ordem alfabética) dos textos seleccionados e respectivos Autores:

A Colombiana – PEDRO FERREIRA
A Coroa da Jamaica – EDSON AMARO DE SOUZA
A Estátua de Sal – GUADALUPE NAVARRO
A História e Seus Ciclos – ROSA BRANQUINHO
A Morte de Reinaldo – ISIDRO SOUSA
A Pequena Grande Cruz – MARCELLA REIS
A Recuperação de um Andarilho – LIA MOLINA
A Serpente da Discórdia – TON BOTTICELLI
A Tentação de Ivam – AKIRA SAM
A Violência no Mundo – TÂNIA TONELLI
A XV Geração – JORGE MANUEL RAMOS
Acredita em Mim – SAKURA SHOUNEN
Amargura – SARA TIMÓTEO
As Fases da Lua – BÁRBARA BAPTISTA
Barrabás – ESTÊVÃO DE SOUSA
Cinzento Era o Diabo e Nem o Lobo Mau o Comeu – CARLOS ARINTO
Como Um Grão de Mostarda – PAULA HOMEM
Desistência – ANA MARIA DIAS
Dezessete – ANTÓNIO GUEDES ALCOFORADO
Ex-Umbris ad Lucem – ISA PATRÍCIO
Filha da Luz – MARI MARQUES
Filho Com Nome de Código – TERESA MORAIS
Jesus Decide Voltar à Terra – MARIA CÔRREA
Maria Madalena – ANA PAULA BARBOSA
Mulher Padece... – MARIA DE FÁTIMA SOARES
Não Te Negarei... – SÉRGIO SOLA
No Tempo Em Que as Flores Sorriam – DANIEL VICENTE
Nova Vida – RICARDO DE LOHEM
O Beijo de Judas – JOSÉ TEIXEIRA
O Evangelho Perdido de Barrabás – EDUARDO FERREIRA
O Fantasma do Pai – CAMILO DE LÉLIS
O Mestre – JOAQUIM BISPO
O Peregrino – JOSÉ DUARTE MATEUS BEATRIZ
O Princípio do Fim – ROBERT MAR
Os Infiéis – FERNANDO MORGADO
Os Pardais de Jesus – JORGE PINCORUJA
Perdoa-me, Meu Deus! – PAULO RODRIGUES
Possuir é Amar...?! – MARIA HELENA GUEDES
Quem Nunca Pecou? – LUCINDA MARIA
Sebastian Icarus e a Conspiração Luminus Seven – JONNATA HENRIQUE
Sheol – YOLANDA SILVA
Sombras do Passado – SUZETE FRAGA
Tenório e Falcão, Saligia – EDUARDO C. DUQUE
Trapalhadas Amorosas – ANGELINA VIOLANTE
Tudo Por Amor – MANUEL AMARO MENDONÇA
Um Novo Amor – JERACINA GONÇALVES

Todos os Autores – sem excepção! – foram notificados por email. Se porventura alguém não recebeu o email, faça o favor de verificar na caixa de Spam, ou noutras pastas que possa ter incluídas na sua caixa de correio.

02 outubro, 2015

NEWSLETTER SUI GENERIS


Em Julho deste ano, recebi uma distinção no 5º Concurso Literário da Papel D’Arroz Editora, pela apresentação do texto «O Casamento de Eulália». Não venci o 1º Prémio, no entanto, essa classificação em 2º Lugar veio desencadear todo um percurso que mal começou a ser trilhado. Logo após, no início de Agosto, decidi organizar a antologia «A Bíblia dos Pecadores», um projecto independente que será publicado em Dezembro com a chancela da Pastelaria Studios, e foi-me lançado, pela editora executiva responsável pelo Grupo Múltiplas Histórias (que engloba quatro editoras), o interessante desafio de dinamizar a Silkskin Editora. Aceitei o convite, com bastante agrado. Todavia, por vontade própria, só assumi funções um mês depois, no dia 1 de Setembro, como Coordenador de Projectos Literários da Silkskin Editora e Agente Literário do Grupo Múltiplas Histórias. Desde então, tarefas e projectos abundam.

Além de «A Bíblia dos Pecadores», lancei o projecto de uma nova antologia dedicada ao Natal e, em breve, organizarei o 1º Concurso Literário da Silkskin Editora, como já tornei público nas redes sociais. Existem mais projectos já aprovados, que divulgarei oportunamente, razão pela qual se tornou necessário criar um órgão de comunicação. As redes sociais ajudam, porém, tornam-se insuficientes  assim sendo, decidi lançar a «Sui Generis». Esta poderia ser a newsletter da editora, mas isso limitaria o meu campo de acção. Porque tenho, em paralelo, outros projectos (independentes) para desenvolver, optei por criar uma newsletter pessoal – a newsletter do Isidro.

A «Sui Generis» será publicada mensalmente e enviada, sem qualquer encargo, a quem a subscrever. Nesta fase inicial, tomo a liberdade de a enviar aos Autores que submeteram participações à antologia «A Bíblia dos Pecadores» e a quem solicitou informações sobre a antologia «Boas Festas» e o 1º Concurso Literário da Silkskin Editora – caso algum destes Autores não deseje continuar a recebê-la, será necessário que manifeste essa intenção.

Devo referir ainda que, tendo já tido uma longa experiência de produzir e editar, anteriormente, livros, revistas, jornais, guias turísticos, panfletos e outros materiais de propaganda durante muitos anos, em que desempenhei tarefas importantes como conceber e paginar todas essas publicações, o primeiro número da «Sui Generis» ficou aquém das minhas expectativas no que refere à apresentação gráfica – não disponho, no momento presente, de qualquer programa de paginação que me permita elaborar um bom design, tendo utilizado o Word para esse efeito. Não obstante, independentemente do modesto grafismo apresentado, considero mais importante a informação que se transmite. Procurarei melhorar esse aspecto nos próximos tempos. E talvez a «Sui Generis» evolua (a médio ou longo prazo) para um projecto mais arrojado... quiçá um jornal ou uma revista! Porque não? Se editei e dirigi a «Korpus» durante 12 anos, porque não criar uma nova publicação similar? O bichinho ficou cá...

A «Sui Generis» é gratuita. Tem periodicidade mensal e será disponibilizada a todos aqueles que a solicitarem, sejam Autores ou Leitores. Por ora, apresenta-se em ficheiro PDF e é enviada, somente, por email. Se deseja manter-se informado sobre todos os meus projectos literários, subscreva-a já. Envie um email para letras.suigeneris@gmail.com