Juno (no papel)
a minha pluma te esboçou
belo atormentado
camponês transmontano
com Java
essoutro apolo a pena te imortalizou
irresistível
perseguido bailarino açoriano
Amigos
clandestinos (amantes) em fogo turbulento
quais vendavais
intoleráveis sempre ultrapassados
em sagrado leito
compartilhado no secreto aposento
amores e
desamores (para) sempre reencontrados
Há mais de um decénio
aguardava pacientemente
para aos olhos
do mundo a vossa ventura desvendar
interminável
espera vã se revelaria surpreendente
sem que a vossa
odisseia pudesse (ainda) divulgar
Mas eis de
repente um inesperado acontecido
sem nada alterar
(quase) todo o panorama mudou
um novo Juno nascido
ao meu suave ouvido
companhia (física)
diária no meu lar se tornou
Um belo Cocker Spanil, qual principezinho de
ébano
o pretinho da
janela que a todos cusca no miradouro
tempos volvidos perderia
o (irrequieto) traquina insano
ganhando um anjo
de candura, raio de luz duradouro
Doravante, as
personagens jazem olvidadas na gaveta
emaranhadas num
limbo (profundamente) adormecido
ansiando pela
aurora que anunciará o toque da trombeta
fazendo a
narrativa retumbar num amanhecer florido
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Poema seleccionado para «A Lagoa de Óbidos, o Mar e Eu»
Uma antologia poética da MP Edições que será lançada em Outubro
É uma pena o fiel amigo não saber ler :) mas sente seguramente esse carinho e estima.
ResponderEliminarO Juno sente carinho e estima de sobra. Mais mimado do que ele não há...
EliminarEstá soberbo. Adorei!
ResponderEliminarObrigado, Cátia Castro.
EliminarDupla, não, tripla beleza... na minha página (obrigada), poema e o Juno, não sei qual dos dois o mais belo... vai inspirá-lo muito mais, de certo. Esse olhar não mente e ele é mesmo ébano... e um verdadeiro príncipe.
ResponderEliminarO Juno é o Juno... um verdadeiro Juninho... autêntico como só ele! E amoroso quanto baste... ;)
EliminarJá comentei, e de facto este "menino" é de uma beleza e ternura inigualável! Um verdadeiro príncipe! Lindo só uma vez!!!
ResponderEliminarUma ternura, Paula Homem? Bote ternura nisso! Ele é um mar de ternura... ;)
EliminarParabéns pelo poema. O Juno deve mesmo merecer: eles merecem tudo pela entrega incondicional, todos os momentos de cada dia
ResponderEliminarO Juno merece tudo! Mesmo quando ele começa a ladrar na janela (o cusco)... eu só lhe bato palminhas (para que se comporte). Mas mesmo até as palminhas (nas minhas mãos) lhe custa dar...
EliminarComo gosto muito de cães, nada digo, porque sou suspeito. O cão é o único amigo que se pode comprar, e nos faz depois feliz toda a vida.
ResponderEliminarEu sei, António. Melhor amigo dos bichinhos do que você, poucos... e sei que o António vai adorar o Juno, um dia que lhe apareça à frente.
EliminarQue lindo. Adoro cães. São uns fofos muito meiguinhos. Uns amigos muito leais.
ResponderEliminarDescreves com erudição tal imprescindível figura animal, agregastes filosóficos e pertinentes caracteres da linha tênue exercida na relação entre ser humano e seu bichinho de estimação. Numa poética e inigualável inserção ao que esconde-se na semântica de coerente e atual adágio."O CÃO É, E SIM, PORQUE NÃO SER O MELHOR AMIGO DO HOMEM" atemporal obra prima literária que fizestes tu amigo Isidro Sousa, parabéns, tudo de bom pra vc.
ResponderEliminarMeus Parabéns! É um lindo poema, Isidro Sousa tem o talento de um grande escritor!
ResponderEliminarPoema bonito, com metáforas de grande beleza e sensibilidade. Quadras bem elaboradas, métrica correcta, rima certa e em alguns casos, rica (aposento/turbulento; pacientemente/surpreendente; acontecido/ouvido; ébano/insano; duradouro/miradouro). É necessária uma cuidada interpretação para entendê-lo. Sendo o cão macho (penso eu), deu-lhe o nome da deusa Juno. Por alguma razão especial?
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