05 junho, 2017

APRESENTAÇÃO DE VÁRIAS ANTOLOGIAS SUI GENERIS NA ASSOCIAÇÃO CULTURAL CASA BÔ



APRESENTAÇÕES
SUI GENERIS
NA CASA BÔ


Decorreu ontem, domingo, 4 de Junho, uma nova apresentação de obras colectivas organizadas pela Sui Generis e publicadas com a chancela Euedito. A sessão teve lugar na associação cultural Casa Bô, localizada na zona do Bonfim, cidade do Porto, e contou com a presença do poeta Vítor Hugo Moreira, autor de vários livros de poesia publicados pela Euedito e responsável pela dinamização das Noites de Poesia na Casa Bô, organizadas todas as quartas-feiras após um jantar poético. Noites muito agradáveis que recomendo vivamente a quem estiver no Norte, ou passar pelo Porto numa quarta-feira.

Após os agradecimentos habituais nestes eventos, referi a dificuldade de encontrar espaços disponíveis para eventos culturais aos domingos, na cidade do Porto, dia em que tudo, ou quase tudo encerra (é difícil achar, por exemplo, um café aberto), a impossibilidade – ou inconveniência – de realizar esta sessão noutros dias da semana e a amabilidade dos responsáveis por esta associação por nos terem cedido a sala cultural da mesma, desde o primeiro momento, para apresentar as diversas antologias Sui Generis. E pedi, logo a seguir, que o Vítor Hugo Moreira nos falasse sobre o projecto Casa Bô, aberto há cerca de três anos na Rua do Bonfim, as principais actividades desenvolvidas pela associação e, também, sobre as noites poéticas que dinamiza às quartas-feiras, às quais tenho assistido com grande satisfação – e feito leituras de alguns poemas incluídos nas obras Sui Generis.

Seguidamente, comecei por referir as principais ausências nesta sessão. Primeira: a ausência do fotógrafo Dado Goes, que tem fotografado, desde Junho de 2016, todos os nossos eventos em Lisboa e queria também fotografar este, mas viu-se impossibilitado de deslocar-se ao Porto; agradeço, desde já e mais uma vez, a todas as pessoas presentes que fizeram fotografias e tiveram a gentileza de as divulgar nas suas páginas e de as fazer chegar às minhas mãos. Segunda: a ausência da autora Marcella Reis (não foste esquecida, minha amiga), que sugeriu o interessante tema sobre as ruralidades de Portugal e Brasil e aceitou o desafio para coordenar o projecto, que resultou na belíssima antologia luso-brasileira que é «Saloios & Caipiras», apresentada neste dia. Terceira: a ausência de «Sexta-feira 13», cujos livros não ficaram impressos atempadamente para serem apresentados nesta sessão – tendo expostos na mesa somente «Ninguém Leva a Mal» (30 autores), «Torrente de Paixões» (40 autores), «Saloios & Caipiras» (31 autores) e dois livros individuais – mas falei sobre a obra, uma das mais interessantes e pertinentes que já organizei, não obstante ser a mais horrorosa (“literatura horrorosa”, como frisei em tom de brincadeira), visto que, embora o tema seja subordinado aos mitos e superstições, com os textos ambientados numa sexta-feira dia 13, muitos dos 32 autores participantes apresentam estórias que contêm terror e horror como ingredientes principais; e não deixei de recordar alguns autores que começaram a participar em projectos Sui Generis justamente nesta «Sexta-feira 13»: Everton Medeiros, Sandra Boveto, Carmine Calicchio, Júlio Gomes, Márcio Rafael Lopes, entre outros. Quarta: por fim, falei também sobre as ausências de grande parte dos autores participantes, que gostariam de estar presentes mas não reuniram condições que lhes permitissem viajar 300, 700 ou mesmo milhares de quilómetros para assistirem ao evento, visto que muitos residem na Grande Lisboa, Algarve, Alentejo, Açores, Madeira e noutras regiões do País distantes da Cidade Invicta... não esquecendo, claro, os muitos autores que residem no Brasil, cujo principal obstáculo que lhes impede as presenças nestas ocasiões em Portugal é uma imensidão de água chamada Oceano Atlântico.

Logo depois, contextualizei a Colecção Sui Generis, fundada em Dezembro de 2015, falando sobre a sua história, projectos desenvolvidos e outros a decorrer, a evolução para a edição de livros individuais – destacando as obras já editadas das autoras Suzete Fraga, Rosa Marques, Guadalupe Navarro e também de minha autoria – e, como não poderia deixar de ser, referi as várias razões que provocaram o longo atraso na publicação destas antologias. E no momento de falar sobre a importância das obras colectivas – coisa que, aliás, todos ou quase todos os autores fizeram durante as suas intervenções, frisando o quão importante e vantajoso é participarem em obras colectivas, desde que bem organizadas e que apresentem qualidade, independentemente de já terem ou não terem livros individuais publicados... Chegado a este momento, em vez de expor a minha visão e argumentos, preferi ler uma bela mensagem, que subscrevo na íntegra e nos foi enviada por um dos nossos autores mais importantes, presença habitual tanto nas obras como nos eventos Sui Generis, mas que, desta vez, por razões pessoais e também pelo factor «distância», não pôde estar presente... mas a sua «presença» foi sentida por todos nós: Carlos Arinto. A mensagem que enviou, além de ser uma «saudação aos participantes», é, acima de tudo, uma «exortação» para que «os presentes e os ausentes» continuem a escrever. Irei publicá-la, na íntegra, num post separado, para que seja lida por todos.

E à medida que ia apresentando as três obras colectivas que se achavam presentes na mesa, além de falar sobre as temáticas de cada uma delas e dos autores participantes, dos dois lados do Atlântico... fui citando alguns nomes (não pude referi-los todos porque são imensos)... pedi aos autores presentes que falassem sobre si, sobre as suas obras e sobre as razões que os levaram a participar nos projectos em foco, tornando a sessão mais interactiva, com intervenções e troca de opiniões de aqueles que se encontravam presentes. Foram, acima de tudo, momentos de partilha e de confraternização bastante descontraídos, num ambiente simples, quase simbólico, verdadeiramente sui generis, em que todos disseram o que tinham para dizer.

Suzete Fraga, uma autora de Póvoa de Lanhoso presente em todas estas antologias, contextualizou a sua participação em diversos projectos literários até chegar à edição do seu primeiro livro, «Almas Feridas», a realização do seu sonho, um êxito Sui Generis lançado em Dezembro de 2016 que já foi objecto de várias reimpressões, e levantou o véu sobre o texto que escreveu para «Ninguém Leva a Mal», uma antologia composta por 29 estórias carnavalescas de autores de Portugal, Brasil e Cabo Verde, cujas páginas iniciam e finalizam com os poemas «Exótico Seduzir» e «Vestígios de Luar» do jovem lisboeta João Santos, que participa, pela primeira vez, numa obra literária. Poemas que foram lidos, aliás, com uma performance poderosa, ao som de batuques carnavalescos efectuados pelas próprias mãos na cadeira onde se sentara e na mesa à nossa frente, improvisada no momento e que arrancou fortes aplausos da assistência, por Vítor Hugo Moreira. Transcrevo aqui o «Exótico Seduzir»:

Rompem bombos,
batuques,
bengalas,
tlintintins a acompanhar,
remexem ancas,
saltos... dos altos,
há glúteos a rodopiar!
No centro a mesa,
em seu torno:
safadeza;
é euforia a começar.
Sabe a Verão,
é emoção,
é calor para se dançar...
Treme a bunda,
abana o chão,
os corpos dançam a cortejar.
Dança o mineiro, dança o holandês,
dança o intruso português,
dança o velho, dança o novo,
aqui samba todo o povo,
dança quem se permite sentir
este exótico seduzir,
nascido,
vivido
para contagiar – o samba sabe apaixonar...


Olívia Pinto, que assina os seus poemas como Glória F. Pais, falou-nos sobre o que a levou a participar na segunda antologia poética da Colecção Sui Generis, «Torrente de Paixões», incentivada pela autora Fernanda Kruz, e explicou as razões que a fazem preferir assinar com o pseudónimo, no entanto, mostrou-se tímida quando a convidei para ler um dos seus poemas. Há sempre uma primeira vez para tudo, mas a Olívia ainda não se sentia à vontade para responder a este desafio... o de ler em público os seus poemas. No entanto, outra autora participante na mesma antologia, Amélia M. Henriques, que se achava presente e mostrou-se bastante interventiva, tomou a iniciativa de ler, no meio da sala, um dos três belos poemas da Olívia Pinto. Uma leitura estupenda, magnífica, que a todos agradou... Tal como leu, volvidos alguns minutos, outro poema de sua própria autoria, depois de referir, também, o que a faz participar nas antologias Sui Generis e de nos falar sobre si, sobre a sua arte e os livros que já editou. E também a autora Cristina Sequeira, que viajou de Cinfães do Douro para estar presente, nos falou sobre si... do cumprimento de um sonho... e leu, igualmente, um dos seus poemas incluídos em «Torrente de Paixões». Durante estas leituras poéticas, o nome de um autor, Rui Moreira, que também não pôde estar presente devido à distância e assina como Alma Brota, foi várias vezes referido... cuja influência terá sido determinante nos percursos poéticos de algumas destas autoras.

Foi neste momento, antes de passar a palavra a mais autores, que fiz uma breve apresentação do último livro individual com o selo Sui Generis, «Decifra-me... ou Devoro-te!», de Guadalupe Navarro (natural de Lima, Peru, onde se encontra presentemente a passar férias, e residente no Rio de Janeiro, Brasil), editado no passado mês de Março; achavam-se presentes na mesa alguns exemplares, junto com o «Almas Feridas» de Suzete Fraga e com as antologias que se apresentavam. Trata-se de um livro que reúne doze textos em prosa (contos, crónicas e sátiras), porém, alguns desses textos incluem pequenos poemas... e como a autora se achava fisicamente ausente, por razões óbvias, fiz questão de a tornar mais presente, ainda que espiritualmente, lendo – eu mesmo – o seu poema bíblico «A Mulher de Lot», que se encontra inserido algures na belíssima sátira «A Estátua de Sal», sátira essa bastante importante, que marcou a estreia da autora a escrever prosa, respondendo, com sucesso, ao desafio que lhe lancei em Agosto de 2015.

Já na recta final, Manuel Amaro Mendonça, que apresentou o seu terceiro livro, «Daqueles Além Marão», no dia anterior, em Leça do Balio, em cuja sessão tive o gosto de estar presente, e cujo percurso literário caminha, de certo modo, lado a lado com o meu percurso enquanto organizador e editor, o que me faz conhecê-lo bastante bem, falou-nos sobre os seus livros, sobre a sua preferência por temáticas relacionadas com as ruralidades e a região de Trás-os-Montes, e também por temas históricos como as Invasões Napoleónicas ou vivências em séculos passados, e explicou o que significa «Montês», título do seu conto incluído em «Saloios & Caipiras», tendo falado sobre essa estória rural ambientada no século XIX que, deixou escapar, poderá vir a originar um livro individual, com o texto mais desenvolvido. E referiu-se ainda o seu texto incluído em «Sexta-feira 13», num registo diferente, que aborda um submundo bastante sombrio dos sem-abrigo num grande dia de muita sorte e azar na mesma proporção.

Fernanda Kruz, por sua vez, que foi interagindo durante toda a sessão, embora de um modo informal, quer comigo quer com as outras pessoas, recordando sempre momentos específicos do percurso da Sui Generis e co-autora de várias obras presentes, frisou que se sente mais à vontade a escrever poesia, tendo começado a escrever prosa para as antologias Sui Generis, à semelhança do que sucedeu com Guadalupe Navarro e outros autores – aproveitei para relembrar esse facto, tornando a frisar a importância de se participar em obras colectivas, o caminho que os autores vão trilhando até conseguirem concretizar objectivos individuais... ou sonhos literários; e citei alguns exemplos: eu mesmo, que comecei por participar em diversas colectâneas e concursos literários de várias editoras (cerca de vinte durante um ano) e evoluí para a organização e coordenação de obras literárias, até criar a Sui Generis; Suzete Fraga, presente na sala, e Rosa Marques, que também conseguiram publicar os seus primeiros livros – com o selo e o dedo Sui Generis – após terem participado / divulgado textos em variadíssimas obras colectivas, assim como o português Jorge Manuel Ramos e o brasileiro Antônio Guedes Alcoforado, ambos co-autores de «Saloios & Caipiras» e presentemente organizadores e editores, que iniciaram os seus percursos participando em antologias, inclusive nas primeiras obras da Colecção Sui Generis, e evoluíram para a organização e edição de livros, além de terem publicado os seus próprios livros. A autora Fernanda Kruz, que participa com poesia em «Torrente de Paixões» e «Saloios & Caipiras» e com um conto em «Sexta-feira 13», preferiu não ler algum dos seus poemas, embora falasse sobre si... não obstante, aproveitei para desvendar o desafio que lhe propus, durante um encontro presencial, numa esplanada do Porto, há cerca de um mês: publicar o seu primeiro livro com o selo Sui Generis. Um desafio que ela aceitou logo no primeiro instante, após ter-lhe explicado como e em que condições poderia editar o seu livro, mas que ainda não fora divulgado. E, num momento mais discreto, quando estávamos já prestes a fazer as despedidas, ela confidenciou-me que o deseja lançar no dia do meu aniversário: 12 de Dezembro. Uma atenção bastante simpática e carinhosa, que muito me sensibilizou. Vamos então trabalhar para isso, Fernanda!

Após as obras em foco terem sido apresentadas, fui questionado sobre outros projectos que estão em curso. Falou-se muitas vezes em «A Primavera dos Sorrisos» e várias autoras manifestaram intenção em participar neste hino à Primavera... deslindei os títulos das outras três antologias que serão dedicadas, cada uma no seu tempo, a cada estação do ano («Sonhos de Verão», «Brisas de Outono» e «Sol de Inverno») e abordei as duas linhas de antologias que tenciono seguir, em paralelo com as edições individuais: as antologias com temas universais, mais abrangentes e mais fáceis de organizar, com prosa e poesia (que começaram com «Graças a Deus!», seguiram em «Fúria de Viver» e prosseguem com as quatro estações), textos curtos, sem obrigatoriedade de compra por parte dos autores participantes, selecção, feedback e publicação imediata, e as antologias temáticas, com espaços mais alargados, à semelhança das anteriores, que vou manter, avançando, brevemente, com uma que seleccionará textos sobre viagens às terras dos seus autores (às terras onde nasceram e sempre viveram, ou às terras que escolheram para residir) e outra dedicada aos filhos das discriminações... de todas as discriminações: racismo, refugiados, imigrantes, sem-abrigos, minorias sexuais, étnicas ou religiosas, alcoolismo, pobreza, toxicodependentes, idosos, portadores de enfermidades ou deficiências físicas ou mentais, etc. Respondendo sempre às várias questões que me foram colocando, ora em plena sala, durante a sessão, ora em diálogos individuais, esclareci que «Fúria de Viver» está pronta para impressão, «Devassos no Paraíso» será impressa neste mês e o segundo volume de «A Bíblia dos Pecadores» ficará concluído em Julho. Só não perguntaram sobre «Os Vigaristas», «Crimes Sem Rosto» e «Anjos & Demónios», mas comunico aqui que estas serão também editadas brevemente. Muito brevemente.

Por fim, quanto a mim... O objectivo da sessão não era falar sobre mim ou projectos individuais, e sim sobre as obras colectivas que – todas elas – incluem, como sempre, textos de minha autoria. Em «Ninguém Leva a Mal» publiquei a narrativa intitulada «Os Amigos de Malachi», uma estória com contornos policiais ambientada numa noite festiva de Halloween, evento este considerado, nalgumas comunidades, um Carnaval fora de época, ao qual muito se assemelha (alguns personagens explicam isso), razão pela qual incluí o texto numa Antologia de Estórias Carnavalescas; em «Torrente de Paixões», publiquei um poema bastante sensual e apaixonante, com rimas, que ocorre numa lagoa; em «Sexta-feira 13» aventurei-me numa trama diferente do meu registo habitual, procurando experienciar a temática do terror, que narra o reencontro carnal de um homem desencantado da vida com a esposa que assassinara quando a surpreendera nos braços do amante, sendo que, na verdade, essa mulher é um succubus, isto é, um demónio feminino; por último, em «Saloios & Caipiras» apresento «O Segredo de Leonardo», que narra as vicissitudes pelas quais passam dois belos catraios do campo, prestes a atingirem a maioridade, que tudo fazem para manter oculto de olhares inconvenientes um sentimento amoroso condenado pela sociedade, mergulhando tanto em ambientes áridos e agrestes como selvas de calhaus e pedregulhos para se protegerem, como em esconderijos bucólicos mais agradáveis ou deslumbrantes no seio da verdejante Natureza serrana, durante a longínqua época da Revolta dos Cravos. Espero que os apreciem e transmitam a vossa opinião sobre os mesmos... quer gostem, ou não gostem. As críticas negativas, como referi durante a sessão, também são sempre bem-vindas, desde que sejam construtivas. Porque fazem-nos crescer!

Tal como espero que apreciem cada uma das obras colectivas (no seu todo) agora apresentadas, assim como todos os textos... de cada autor. Leiam, comentem, critiquem, divulguem, recomendem, manifestem-se do modo que desejarem... Os autores agradecem. E eu, em nome da Sui Generis, também.

E, mais uma vez, um especial agradecimento a todos os autores que estiveram presentes, ao Vítor Hugo Moreira pelo seu importante apoio nesta sessão de apresentação e à Casa Bô por nos ter cedido, sem qualquer restrição e desde o primeiro instante, o espaço cultural para que as nossas obras – Antologias Sui Generis – fossem apresentadas.

Isidro Sousa






NOTA FINAL:

As páginas iniciais (cerca de trinta) de qualquer um destes livros, que incluem ficha técnica, índice, prefácio e alguns textos, estão publicadas nesta página:

Também pode encontrar mais informações sobre estas e outras obras Sui Generis no último número da revista SG MAG. Neste link:

Os livros estão à venda na livraria online da Euedito. Neste endereço:

Podem ser também adquiridos directamente à Sui Generis, com desconto de 10% – valor Especial Lançamento – sobre o PVP.




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