26 dezembro, 2015

O REGRESSO DE SAMUEL


Finalizado o ensino secundário, a maioria dos meus colegas zarpou pelo mundo fora. Eu continuei em Mourisca da Beira, a vila onde nasci, a trabalhar no posto de gasolina dos meus pais porque adorava tudo o que se relacionasse com automóveis, altas velocidades e a sensação de poder que estas máquinas transmitem. Deliciava-me a repará-los quando avariavam e até sonhava em um dia pilotar um carro de corridas. Todavia, as coisas mudaram. O novo posto de gasolina da recém-inaugurada via rápida, não muito distante de Mourisca da Beira, era self-service e oferecia preços competitivos. Não obstante, algumas pessoas gostavam ainda de ser atendidas com um sorriso, ter o seu pára-brisas limpo e o óleo revisto ou mudado por um especialista. Pelo menos, era o que o meu pai dizia.
O tempo passava devagar. Quase sem me dar conta, as folhas começaram a desprender-se das árvores e o frio do Inverno fez-se sentir. Já era a época dos feriados iniciais de Dezembro. Entretanto, o Natal chegou rápido e, com esta quadra festiva, todos os parentes e amigos da vizinhança. A seguir, eis o último dia do ano. Como havia pouco movimento no posto de gasolina, planeei fechá-lo mais cedo. Os meus pais haviam ido festejar o réveillon com uns amigos na Quinta do Mocho, que se situava nas brenhas da Serra Mourisca, na direcção de Vila Rica, mas eu, nesse ano, preferi ficar em casa. Porquê? Não sei.
Era cedo, no entanto, escurecia. Já prestes a encerrar o estaminé, ouvi um forte ruído proveniente da zona das bombas de gasolina. Ao volante daquele carro, eis um rapaz que trajava um uniforme de marinheiro e usava um chapéu branco. Pareceu-me familiar, assim como o veículo.
– Hei, gajo, como é que vais?
– Samuel?! – balbuciei, surpreso.
– Eu mesmo – respondeu ele, sorrindo.
– Viraste marinheiro?
– Hum, hum! Agora sou propriedade do Estado.
– Minha Nossa Senhora...
– Dá-me vinte euros de gasosa. Os meus velhotes vão passar a passagem-de-ano com uns amigos e ainda têm uma porrada de quilómetros pela frente.
– Não vais com eles?
– Não fui convidado.
Pus a mangueira no depósito do automóvel e abasteci-o com gasolina sem-chumbo, antes de lhe limpar o pára-brisas. Sentia-me nervoso e excitado por rever o Samuel. Na verdade, eu tinha uma queda por ele. Nunca admiti essa atracção física, nem sequer para mim próprio, pelo menos até essa noite festiva, mas ele era, realmente, o meu ideal de homem.
– Feliz Ano Novo – murmurei pela enésima vez nessa tarde.
– Como é que vais festejar? – quis saber ele.
– Provavelmente, vou embebedar-me – redargui, num tom fanfarrão.
– Queres companhia? Não tenho planos.
– Claro! Dá um pulo lá em casa. Vou fechar agora.
– Primeiro, tenho de levar o carro aos velhotes. Vejo-te então daqui a uns minutos.
Ele pagou o combustível e foi embora.
O Samuel, marinheiro! A vida não é surpreendente? E eu ia passar o réveillon com ele! Só pensava nisso. Quando entrei na praceta onde vivia, deparei com o belo marine junto à porta do meu prédio; esperava que eu chegasse. Um misto de nervosismo e excitação apoderou-se do meu ser. Atrapalhei-me com as chaves, mas lá consegui abrir o raio da porta.
Já dentro de casa, o Samuel exclamou:
– Boas entradas, gajo!
– Bom ano, marujo!
– Guarda costeiro – corrigiu ele, apontando o emblema na manga do uniforme que designava a sua função na Marinha.
– Certo, Samuel. Que queres beber?
– Qualquer coisa, mas prefiro cerveja.
– Há montes de cerveja no frigorífico.
O Samuel pousou o boné na mesa da sala. Parecia tão masculino naquela farda de marinheiro! Eu podia apreciar todas as curvas do seu corpo naturalmente musculoso. Apesar de vestir uma camisa sob o casaco, era possível vislumbrar-lhe alguns tufos de pêlos despontando no peito. Isso, somado ao cabelo castanho cortado bem curtinho e aos olhos cor-de-avelã, fazia-o parecer mais velho do que a maioria dos rapazes da sua idade.
– É óptimo ter companhia na passagem-de-ano. Aposto que estás com fome – sussurrei, tirando alguns petiscos do frigorífico e pondo pão, carnes fumadas, presunto, azeitonas e queijo da serra em vários pires. Devorámos a comida num instante, regada com boa cerveja.
– Estavas com fome, hem – comentei.
– Como que nem um pássaro. Sou um abutre!
Liguei o rádio na estação que tocava rock e deixei-o num volume mais alto do que os meus pais jamais teriam permitido. De certeza que nenhum dos vizinhos chamaria a polícia – não nessa noite, em que toda a gente comemorava a chegada do Ano Novo. E pensar que eu ia passar um serão enfadonho, demasiado tranquilo, bebendo umas cervejolas sozinho...
– Hora de festa! – anunciei, erguendo-me da mesa.
Estar na companhia do Samuel animava-me... deixava-me mais feliz do que estivera durante aqueles últimos meses solitários. Era como recuar aos bons velhos tempos de liceu.
– Ainda andas às voltas com as bombas?
– É um trabalho – volvi sem ânimo.
– Não esperas mais da vida?
– Achas que devia ir para a Marinha? Recebes comissão para angariar recrutas?
O Samuel soltou uma gargalhada estrondosa. Prossegui:
– Não teve piada, eu sei. Porquê guarda costeiro, afinal?
– Porque estava à mão – brincou ele. – Não, nada disso, Berto! Porque patrulho a costa portuguesa, ajudo e resgato marujos ou pescadores encalhados e outros civis com problemas nas suas embarcações – uma cambada de bêbados que gosta de fazer farras em alto mar sem ligar patavina à segurança, principalmente nas águas algarvias. É um trabalho, alguém tem de o fazer. Mas diverte-me.
As horas voaram rápido. Entornámos imensas cervejas. Já era quase meia-noite quando liguei a televisão para ver a contagem regressiva naqueles programas de sempre.
– Oh, já vai começar!
Ouviu-se então o barulho de toda a vizinhança, gritando e berrando, dando as boas-vindas ao Ano Novo. O Samuel abraçou-me, porém, como ele já se encontrava um tanto alcoolizado, não achei que isso significasse muita coisa. Retirei do frigorífico uma garrafa de espumante barato, comprado no Minipreço, e estourei a rolha.
– Feliz Ano Novo – ciciei, brindando e bebendo o líquido borbulhante.
– Gosto mais de cerveja – reclamou o Samuel, soltando um arroto.
No rádio prosseguia a música rock e nós celebrámos madrugada adentro, bebendo mais cervejas. Eu sentia-me desapontado com o facto de nada mais íntimo proporcionar-se entre ambos, mas a verdade – devo assumi-la – é que nós os dois já estávamos bem lá de Bagdade. Em pouco tempo, acabámos derreados no chão da sala. Embriagado do jeito que eu estava, sonhei com o Samuel fardado, e depois nu. Por volta das seis horas da manhã, acordei com uma bruta dor de cabeça. Avistei o Samuel esparramado no seu uniforme de marinheiro e rastejei até ele.
– Samuel, queres ir para a cama?
– Oh, Berto! Feliz Ano Novo!
– Dois perdidos numa noite suja...
Pus a música num volume bem baixinho e ajudei-o a caminhar até ao meu quarto para dormir na minha cama, na qual ficaria mais confortável.
– Vamos dormir no chão – sugeriu ele.
– É melhor despires a farda senão fica toda amarrotada – alertei, afastando as almofadas da cama e colocando-as no chão, juntamente com um cobertor e o edredão.
Mal o Samuel começou a despir-se, fiquei sóbrio num ápice. Ele era maravilhoso! Tirou a roupa devagar... para meu deleite, tenho a certeza. Ao vê-lo somente de cuecas e camisa interior, pareceu-me um homem e tanto. Magnífico! Era muito mais peludo do que na época escolar, mas a artilharia entre as suas pernas parecia tão deliciosa quão eu havia guardado na memória. Nisso, ele olhou para mim e inquiriu:
– Não vais tirar as tuas roupas?
Despi-as, ficando só de camisa e cuecas.
– Tira tudo – exigiu ele.
Fiquei a olhá-lo de olhos arregalados enquanto ele se desenvencilhava da camisa interior, revelando o peito peludo, e das cuecas, exibindo finalmente a sua ferramenta grande e macia.
– Nada mau! – exclamei, com os olhos cravados naquele instrumento. A neblina da ressaca dissipava-se definitivamente.
– E agora vamos ver o que é que tu escondes aí – atirou o Samuel, perfeitamente consciente de que eu avaliava e cobiçava o seu material.
O meu corpo era lisinho, mas quando despi as cuecas ele descobriu que a minha pila era tão grande quanto a dele, embora menos grossa. Então, para meu embaraço, a danada arrebitou.
– Gostas do que estás a ver? – indagou ele, percebendo a minha reacção.
– Sim, Samuel. Sempre tive uma queda por ti – confessei, meio constrangido.
Ele estendeu os braços e disse:
– Vem cá, bebé...
Joguei-me neles. O Samuel abraçou-me com força e puxou-me para o chão, deitando-nos sobre o edredão, eu por cima dele, um nos braços do outro.
– Abraça-me mais, Samuel – implorei.
– Nunca te vou largar, gajo – prometeu ele.
Rios de fluidos escorriam do meu falo, molhando-lhe a floresta púbica.
– Beija-me, por favor.
Os seus lábios saborosos pressionaram os meus com força. Meti-lhe a língua na boca e ele devorou-a. Para culminar, os membros endureciam mais ainda e eu sentia a sua pica rija a duelar com a minha. Afastei-me para respirar um pouco, dando fim ao beijo mais apaixonado da minha vida, e montei-lhe sobre as coxas peludas.
– Oh, Samuel, sonhei tanto com isto!
Esfregava ambos os pénis, masturbava-os, fazendo claras gotas de sémen escorrerem da uretra do Samuel. Os órgãos róseos roçagavam-se um no outro. Quando estavam a ponto de se incendiar e soltar centelhas de esperma, parei de os manusear. O Samuel pegou-me nas mãos, levou-as aos seus mamilos. Sob a cobertura de pêlos, encontrei os bicos duros. Apertei-os. Ele gemeu e o seu mastro agitou-se. Mas eu queria sentir-lhe cada pedaço do corpo. Acariciei-lhe o umbigo, massajei-lhe os flancos, brinquei com os pés. A seguir, afastando-lhe as pernas, explorei a parte interna do rego peludo até lhe sentir a humidade anal. A sua tranca continuava erecta; passei-lhe os dedos ao redor e apertei-a.
– Bate-me uma, Berto. Por favor!
Toquei-lhe nos testículos rijos, enquanto o masturbava.
– Mete-me um dedo... – pediu, visivelmente ansioso.
Lambi um dedo e explorei-lhe o rego, até achar o anel carnudo. Masturbava-o e empurrava o dedo para dentro daquele orifício apertado, ele agonizava no chão e sorria para mim. Nunca senti tanta excitação como nesse instante, ao enterrar o dedo no rabo do guarda dos meus sonhos. Nisto, o Samuel passou uma mão pelo meu corpo, puxou-me para si e deu-me outro beijo apaixonado enquanto os meus dedos lhe perfuravam a gruta, massajando-a e procurando alargá-la com movimentos circulares; com a outra mão, acariciava-lhe o corpo, sentindo cada milímetro daquela massa de carne palpitante. A mão dele, por sua vez, deslizava cada vez mais pelo meu corpo e a ânsia de atingir a minha serpente era bem perceptível por mim.
Após esses carinhosos preliminares, decidi avançar... acerquei-lhe a boca do mastro e iniciei a tarefa. O Samuel adorou! A sua respiração ofegante e o descontrolo muscular eram sinais de verdadeiro êxtase. Ele quis então retribuir o gesto: sem nunca me retirar a chupeta da boca mas libertando o rabo do meu dedo, rodou sobre mim e pegou no meu caramelo, aproximando-o dos lábios. Senti primeiro a sua língua sedosa a perscrutar-me a glande e depois, aos poucos, a boca a absorver-me o membro carnudo. Sensação esplendorosa! Aquele poder muscular, esparramado ali sobre mim, a fazer-me sexo oral, naquele chão efervescente do meu quarto solitário, foi um delírio. Após algum tempo nessa posição deveras prazenteira, o Samuel fez-me entender que beijos ardentes e toques fogosos de corpo a corpo já eram insuficientes para si. Ele queria mais... muito mais... e foi directo ao assunto:
– Fode-me, Berto! Mete-me esse caralho no cu...
Colocando-se de gatas, pousou a cabeça numa almofada com os glúteos arrebitados no ar e pediu-me para ter cuidado e paciência já que (segundo as suas palavras) era a primeira vez que ofertava o rabinho. Cuspi numa mão e lubrifiquei-lhe o anel com a saliva. Embora já lhe tivesse introduzido um dedo minutos antes, pressentia que necessitava de lubrificação. Passei-lhe o meu falo, repetidamente, no orifício anal e fiz alguma pressão, penetrando-o aos poucos. Deslizava a bichana sempre para dentro, forçando-a a desbravar caminho naquele canal bem estreitinho, todavia, ao mesmo tempo que a enterrava mais um pouco retirava-a de imediato, esperando conseguir, desse modo, um maior relaxamento da parte do Samuel. Quando ministrei uma investida maior, senti-lhe as pernas desfortalecerem e ouvi os gemidos que ele largava, com o rosto mergulhado nas almofadas. Perguntei-lhe se queria continuar. Respondeu que sim; apesar de a penetração ser dolorosa, aguentaria até ao fim, nem que fosse apenas uma vez na vida! Mal a sua cavidade anal se adaptou à grossura da minha pica, passei a estocá-lo com força, cada vez com mais garra, até que ele manifestou o desejo de mudar de posição. Mandou então que me deitasse de costas no chão e sentou-se-me no dardo.
Desta vez, o Samuel fez tudo sozinho: pegando no meu bacamarte, colocou-o no sítio exacto, isto é, apontado ao ânus, e foi-se empalando, afogando o ganso inteiro nas suas entranhas. Parou um pouco, suspirou e rebolou o rabo até sentir o invasor bem aconchegado na sua caverna. Assim que se achou mais confortável, passou a cavalgar-me. Subia e descia, subia e descia... Agora, era ele que saltava em cima de mim e masturbava-se em simultâneo, até dar sinais de estar prestes a atingir o orgasmo.
– Oh, meu Deus!... Ai, Berto... vou-me vir! – gemeu ele, minutos volvidos nesse embalo, contraindo os glúteos e sugando a cobra latejante mais para dentro.
Nessa altura, a minha verga já alcançara proporções gigantescas, no entanto, ele reteve-a dentro de si, prendendo-a e segurando-a com os músculos anais, enquanto a dele cuspia bolas viscosas, brancas como pérolas. Sentir o peito inundado de sémen e a contracção muscular do seu olhinho traseiro, juntamente com os gemidos de prazer, fez que lhe bombasse no rabo com punho de ferro até ejacular igualmente nas profundezas da sua alma.
E ficámos deitados, resfolegantes, corpos abandonados naquele chão. Passei os dedos na substância viscosa por ele derramada e esfreguei-a pelo seu torso inteiro até os pêlos brilharem de tanta seiva. O Samuel mantinha-se esparramado ao meu lado, praticamente imóvel, mostrando-se realmente exaurido, e provavelmente com o corpo dorido. Entretanto, levantei-me e fui à casa de banho lavar-me. Instantes depois surgiu ele, com um resplandecente sorriso no rosto. Lavou-se também e acabou por dizer uma piada:
– Achas que se nota muito no andar? Isto ainda arde um bocado...
Regressámos ao quarto, trocámos confidências e adormecemos abraçados. Na realidade, acho que eu adormeci primeiro... o cansaço resultante do trabalho nas bombas de gasolina, a quantidade de álcool ingerida e o sexo frenético com aquele deus grego dos meus sonhos... foi deveras esgotante. Derrubava qualquer um por terra.
Acordámos no primeiro dia do Ano Novo com os morcegos duros como as rochas e acariciámos, levemente, o corpo um do outro durante longos minutos. Enquanto lavrávamos carícias matinais nas peles excitadas, masturbávamo-nos mutuamente. Quando já me sentia prestes a explodir, virei o Samuel de bruços e jorrei-lhe o meu néctar efervescente no rego peludo. A seguir, ele montou-me no peito e esfregou-me a glande nos mamilos enrijecidos. Enterrei-lhe, então, um dedo no ânus, até ele ejacular copiosamente, cegando-me com a brancura do néctar que deixou os meus cabelos pegajosos. Ficámos abraçados amorosamente por um bom tempo, até decidirmos, juntos, ir tomar um duche revigorante.
Dentro do polibã, após correr a porta de vidro, o Samuel recomeçou a beijar-me enquanto a água quentinha aconchegava os corpos inflamados, deixando-me novamente de pau feito. Então, dei azo às fantasias que tivera com ele nos balneários do liceu. Peguei-lhe no bacamarte que já estoirava também de tão duro, apertando-o com tanta força que ele gemeu baixinho e pediu que o chupasse. Sem demora, ajoelhei à sua frente e pude rever o que me esperava: um vergalhão grande e grosso, de cabeça lustrosa e uretra entreaberta, gotejando fios de esperma. Mal pude colocar na boca tamanha grossura!
O Samuel pressionava com força a minha nuca de encontro às suas virilhas e estocava o falcão na minha boca sequiosa. De repente, puxou-me para cima e beijou-me freneticamente, enquanto as mãos inquietas comprimiam e massajavam as minhas nádegas, deixando transparecer a intenção de possuir-me. Delirei! A cara mais linda dos meus sonhos, após ter tido o privilégio de ver o seu templo sagrado por mim inaugurado, estava ali nos meus braços, prestes a enrabar-me! Nesse momento, era tudo o que eu mais desejava: sentir a sua jibóia expectante dentro de mim, a explorar-me as entranhas, devorando todo o meu ser, tal como ele experimentara a minha ferramenta nas últimas horas! Não obstante, o Samuel tardava a virar-me de costas para si, deixando-me ainda mais ansioso, e nervoso. A minha bichana deslizava desvairada entre as suas pernas, mesmo por baixo dos testículos pesados, como que buscando caminho na direcção do orifício já profanado, ao mesmo tempo que o seu tronco carnudo, tão erecto quão a Torre dos Clérigos, roçagava-me a barriga. Já me sentia prestes a ejacular de tanta excitação quando ele, verdadeiramente perspicaz e pondo termo à minha ansiedade, sussurrou-me ao ouvido que queria comer-me. Não hesitei mais!
Voltei-me rapidamente de costas, apoiei-me na torneira e arqueei o rabo. O Samuel esfregou o seu membro portentoso no meu rego; em simultâneo, a sua mão direita apertava o meu tarugo que, sem se conter mais, vomitou o néctar que há muito ameaçava explodir. Percebendo a situação, o Samuel enterrou-me o falo poderoso com tanta força que me fez ver estrelas e ganir de dor. Quase pulei para a frente, desencaixando-me dele, porém, os seus braços musculosos retiveram-me. Rodou-me a cabeça, beijou-me, sufocando os meus gemidos, e passou a bombardear-me com a garra de um felino, qual leão em fúria na tormenta do cio... a excitação era tremenda... fazendo a horrenda dor inicial sumir e uma enorme sensação de prazer surgir. Estocou-me com gana durante longos minutos, como se não houvesse amanhã, até que senti a verga inquieta a pulsar dentro de mim, despejando uma exorbitante quantidade de espermatozóides malucos à procura de alguma coisa que jamais encontrariam nas minhas entranhas febris.
O Samuel, mantendo-se por trás de mim, com aquele mastro enorme ainda mergulhado na minha caverna, deu-me um abraço apertado num misto de carinho e satisfação, enquanto a água quentinha escorria sobre os nossos corpos luxuriosos, até que o rolo de carne sensual, por fim, amoleceu e escorregou para fora do anel... um anel verdadeiramente arrombado pela pila dos meus sonhos.
Foi a passagem-de-ano mais emocionante que já vivi. Creio que o Samuel, embora não o expressasse por palavras, fruiu da mesma felicidade. Mais tarde, antes de ele ir embora, vimos um programa na televisão enquanto brincávamos e nos saciávamos com o brinquedo um do outro. Apesar de ter perdido a conta, certamente que ejaculei mais vezes nessas vinte e quatro horas do que em qualquer outra vez na minha vida. E até hoje... quando estou a abastecer gasóleo ou gasolina (ou a meter a mangueira inflamada nalguma outra entrada) não consigo deixar de sorrir ao pensar num certo marinheiro bem dotado como um garanhão e de rememorar aquela maravilhosa noite de réveillon que juntos celebrámos.

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in «Boas Festas», páginas 89-99
Silkskin Editora, Dezembro 2015

2 comentários:

  1. Uma narrativa excelente, frontal, sem falsos moralismos.O erotismo no seu melhor. Muitos parabéns, Isidro! Dizem que a sorte protege os audazes... que seja mesmo verdade, mereces! Bjs e um bom ano!

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    1. Bem haja, Suzete.
      Um feliz Ano Novo para ti também... com tudo de bom!
      Bjs

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